segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Replicando informação - II

Conceito de Cicloturismo

Minha concepção de cicloturismo está profundamente
ligada com minha experiência de vida e uma viagem de 3 anos
e meio com bicicleta onde percorri 46.620 km em
34 países de 4 continentes.

 Por Revista Bicicleta

Conceito de Cicloturismo
Foto: Antônio Olinto
Cicloturismo nada mais é que fazer turismo utilizando como veículo a bicicleta, ou seja, viajar de bicicleta.
Pode-se dizer que a característica básica é percorrer longas distâncias com a bicicleta, já que para pequenas distâncias seria chamado passeio ciclístico.
A marca registrada do cicloturista é a carga na bicicleta. Se desejar percorrer locais bem desenvolvidos turisticamente e pretender hospedar-se em hotéis ou pousadas, o volume a ser carregado será pequeno. Se desejar estar auto-suficiente para percorrer áreas selvagens ou desoladas o volume é bem maior, utilizando inclusive bagageiros especiais na roda da frente e no guidão. Entretanto, a característica primordial do cicloturismo é a mudança da concepção do exercício físico, ou seja, o cicloturista não está procurando recordes ou grandes velocidades, ele está procurando desafio, recreação e conhecimento.
Esta forma despreocupada de se exercitar é que fez com que um advogado barrigudo, como eu, adquirisse forma física boa o bastante para fazer uma volta ao mundo de bicicleta. Comprei uma bicicleta para perder a barriga e pedalava uma hora por dia (10 km). Nos finais de semana, fazia pequenas viagens pelas cidades vizinhas a Curitiba (onde morava). A bicicleta transformava uma viagem a um rumo já bastante conhecido em uma pequena aventura e, consequentemente, ao sentimento de vitória em concluir com êxito o percurso. Isto preenchia meus finais de semana e me animava a treinar mais e mais no meio de semana, pois eu tinha um objetivo para meu treinamento.
O cicloturismo enquanto forma de viajar é fascinante, pois a bicicleta tem uma "magia especial" que atrai as pessoas. Diferente de qualquer outro veículo. Quando chegava às localidades com minha bicicleta carregada, eu atraía a atenção das pessoas que vinham conversar comigo para saber mais sobre o que estava fazendo (mesmo debaixo da Torre Eifel, 5 parisienses vieram falar comigo). Nesta hora, a bicicleta realiza um papel marcante, pois força o relacionamento com as pessoas do local. Sendo assim, o viajante tem a oportunidade de conhecer mais sobre o país e as pessoas que está visitando, e entender que cada lugar representa um pequeno universo. 
O cicloturismo será considerado um esporte radical todas as vezes em que o trajeto escolhido passar por regiões desoladas ou de alto risco. Mais uma vez, o cicloturismo se sobressai entre os esportes de aventura, pois além de desenvolver no homem a coragem, ele provoca uma introspecção muito grande (a cadência do pedalar é como um mantra sendo repetido de forma constante e rítmica).
Quando atravessamos uma planície logo estamos em meditação. A introspecção provocada pelas travessias de áreas desoladas leva o aventureiro a um conhecimento que está muito além de novas línguas, costumes e povos. Leva o homem a uma viagem interna de autoconhecimento. Mais que os desafios do mundo, o cicloturista enfrenta a si mesmo. Para mim o homem é sua última fronteira.

Texto de Antonio Olinto, na Revista Bicicleta, 15/10/2012

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