terça-feira, 26 de novembro de 2013

Atualização provisória - Silveiras

Desde Santos tenho andado um bocado por aqui, num vai-e-volta que não imaginava.

Atualmente estou em Silveiras, cidade que fica na Rota Franciscana, uma região de serra, que faz parte da Estrada Real, caminho dos tempos do Império.por onde transitavam as mercadorias e ouro vindos de Minas Gerais e outras regiões. Vejam detalhes no site da rota.

Já passei por quase todas as cidades do Vale do Paraíba, a partir de Taubaté. Estou com dificuldade para manter o blog porque, entre outras razões, estou apenas com o celular, pois deixei metade da bagagem em Taubaté com a finalidade de reduzir o peso para subir sem (muito) sacrifício pelas montanhas e colinas desta região.

A estrada aqui é uma maravilha. Para quem não conhece, o Vale do Paraíba situa-se entre 2 cadeias de montanhas, a Serra da Mantiqueira e a Serra da Bocaina, que faz parte da Mata Atlântica. São mais de 200 km bem planos, com largura de uns 3 a 5 km (chutômetro meu), onde se pedala sem esforço algum praticamente. Em vista dessa topografia, quase todas as cidades aqui servem bem ao ciclista, com ciclovias e ciclofaixas abundantes, até mesmo na Estrada Velha, rodovia paralela à Via Dutra. Bem agradável. E como tem ciclista!

A partir do início da Rodovia dos Tropeiros, tem início os 110 km de serra até Bananal, meu destino final neste trecho. Algumas fotos deste período.














É isso. A cada cidade pela frente irei atualizando provisoriamente. Continue se divertindo com minha aventura.


quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Aparecida e Taubaté - uma prévia

Como disse no post anterior, fiquei meio sem rumo lá em Santos depois de tanto tempo parado. Já dissera também que Ilha Comprida foi uma etapa concluída, foi a confirmação a mim mesmo de minha capacidade de continuar vivendo, enfrentar novas rotinas e deixar o desânimo de vez. Foi um renascer. Graças a Deus. Quando me decidi por essa viagem, lá em Formosa, não estava absolutamente certo de que era isso que queria para a vida, foi quase como uma decisão tomada em desespero.

Esses 2 meses e mais de 1.000 kms pedalados, conhecendo lugares e pessoas me deram a certeza de ter sido a atitude correta, essa que tomei. Não se trata apenas de um passeio turístico em câmera lenta, mas a descoberta e a busca de novas possibilidades em minha vida. Vim, vi e venci. Venci o medo e o sentimento de abandono que me acompanha há anos, paralisando-me por muito tempo.

Pois bem, saí de Santos com a ideia de ir a Aparecida e de lá retomar o SP em 2 rodas, fazendo de lá o ponto inicial dessa nova etapa, seguindo em direção oeste até Marília desta vez. Mas então, chegando em Aparecida e cumprido meus rituais espirituais alterei um pouco essa rota. Vou até Bananal, o extremo leste do estado, que era um dos destinos obrigatórios no plano original. Como vou subir cerca de 1.200 m resolvi vir até Taubaté para deixar bastante bagagem e seguir mais leve.

E assim estou em Taubaté, na casa de meus amigos Túlio e Norma, amizade antiga lá de Formosa. Seguirei mais tranquilo e rápido.
Fotinha do ano passado, peguei no FB.


Passei por Pindamonhangaba, onde me detive um pouco tentando reconhecer a cidade que visitei pela última vez nos anos 70 ainda, visitando parentes, de quem perdi contato. Depois que peguei a estrada novamente, encontrei com o Eliseu, de Pinda, que se dirigia a Taubaté de bike e, muito camaradamente, me acompanhou quase até meu destino na cidade, o que me fez ganhar tempo e curtir um bom papo durante o tempo todo. Fique com Deus, Eliseu, e continue sendo essa pessoa boa que és.
Centro de Pinda
Excelente combustível natural...

E segue a viagem. Obrigado pela leitura.

Santos foi um descanso. São Paulo incluída

Fiquei 20 dias parados em Santos, que somado aos 10 dias em Ilha Comprida totalizou um mês sem atividade. Aproveitei para visitar parentes em São Paulo, capital e ir ver a Brasil Cycle Fest, que ocorreu em Sampa no dia 10 de novembro.

Um dos motivos de tanta demora foi uma crise de lombalgia que me deixou praticamente de cama durante 10 dias. A chuva persistente quase todo esse tempo também me impedia de tomar iniciativa, pois o conforto da hospedagem em que me encontrava - casa de familiar - me puxava para a inatividade.

Santos, como toda cidade litorânea é uma maravilha, pela ausência de subidas no caminho, é tudo plano (a não ser que você queira realmente explorar a serra que está bem ali à vista ou os diversos morros que tem na cidae...). Ótimo para pedalar, ainda mais aqui, onde ciclovia é uma realidade há muito tempo, acessando toda a cidade, não só na orla, mas o centro e outras regiões, inclusive São Vicente, cidade colada a Santos.



Não é igreja... é a Bolsa do Café



Em Santos fui visitar o posto (um dos 3 lá existentes) do AcessaSP, programa de inclusão digital do Governo do Estado de SP, ao qual recorro sempre que não encontro bom acesso em redes sem-fio pelas cidades, porque praticamente em todas as cidades do estado, ele está presente.
Alessandra é a monitora desse posto, que fica no Mercado Municipal

Também dei uma chegada ao Guarujá, só pra conhecer, ainda não havia estado lá. Também dispõe de ciclovia em toda a extensão. A cidade liga-se a Santos por serviço de balsa - ou por uma estrada que dá uma volta enorme, daí eu ter preferido o transporte marítimo. Que inclusive reserva algumas balsas somente para transporte de bicicletas, tamanha é a utilização das magrelas pela população local no seu dia a dia.


Onde comprei o novo velocímetro, pois o anterior havia pifado com a chuva.

Na balsa para Guarujá

Em São Paulo foi onde a lombalgia me acometeu. Foi um sacrifício pegar metrô e ônibus de volta a Santos. Isso foi no dia 03. No dia 10 voltei para ver a Feira Ciclística. Como o Salão do Automóvel, tem muito brilho, estandes superproduzidos exibindo máquinas que eu jamais terei: não só pelos  preços, mas por ser voltada a profissionais específicos do esporte. Como o meu caso é só passear de bicicleta, não me senti seduzido pelas pequenas maravilhas.

Fiz pouca fotos porque o celular travou e não quis mais trabalhar, só voltando depois que eu já estava em Santos novamente. Uma pena. Aqui tem outras fotos que não tinha colocado no post anterior em que me referi a Feira:


Essa parada forçada por longo tempo me tirou um pouco do eixo, confesso. Na hora de voltar a estrada estava indeciso entre pedalar pelo litoral no sentido norte e depois subir a Serra do Mar em direção ao Vale do Paraíba, ou, por medo de uma recaída da lombalgia, colocar a bike num ônibus e subir mais rápido. Fiquei com a segunda opção.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Bicicleta mais cara do mundo

Como quase tudo aqui em nosso país, descobri mais esse recorde: além de ser a mais cara do mundo, graças aos impostos, principalmente, a carga tributária sobre as magrelas chega a 70% do seu preço. SETENTA POR CENTO!, tem que se gritar isso, pelo absurdo que representa. E isso, mesmo sendo o terceiro maior fabricante de bicicletas no mundo...
Conheçam o site Bicicletas para Todos para mais detalhes
Então, se as bikes tivessem impostos mais ou menos como os automóveis - 32% - seu preço final já cairia bastante, permitindo-nos pedalar em equipamentos que não fossem carroças de duas rodas (ah, sim, puxadas por um burro que paga esses preços altíssimos).

Vou me engajar em uma luta/campanha/coisa-que-o-valha para baixar esses impostos. Estarei postando sempre sobre o tema, quando tiver algo mais consistente fixarei o tópico.

Estive na Brasil Cycle Fair, em São Paulo, no domingo, dia 10. Existe um glamour enorme pelos equipamentos de ponta, igual a salão de automóvel... Mas estavam presentes também as bicicletas direcionadas ao público não profissional, assim como eu. Agradou-me ver o estande da BLITZ, que pensava tivesse minguado, mas não, está com bastante modelos novos, inclusive dobráveis e elétricas. (Blitz Altitude era a minha bike anterior à atual).

Infelizmente não tenho outras fotos, pois o celular cismou de travar e só voltou a funcionar quando já estava de volta a Santos...

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Enquanto a estrada não vem - II

Parado, a movimentação que me é permitida resume-se a navegar na Internet. Vi umas recomendações interessantes num site e, conforme ia lendo, relembrava situações que vivi nesses 1.000 kms pedalados. Comentarei algumas delas.

Pedalar na estrada - JRGuirado
  • Bicicleta é veículo de propulsão humana reconhecida pelo Código de Trânsito Brasileiro e deve respeitar todas as normas de trânsito;
  • O tráfego de bicicletas em rodovias deverá ser feito pelo acostamento, quando houver, ou pelo bordo extremo direito no mesmo sentido regulamentado para a via – contramão nunca;
    Uma observação: em estradas de pista simples, nas regiões produtoras de açúcar e álcool, em subidas, são construídas terceira-faixas, para que outros veículos ultrapassem com segurança os bitrens (caminhões que transportam cana - eles passam de 30 mts e são muito lentos nas subidas, eu quase os ultrapassava, hehe...). Com isso, o acostamento fica muito estreito, uns 50 a 60 cms, onde eu me espremia. Quando um bitrem ia ser ultrapassado por outro caminhão, ele invadia esse pequeno acostamento, me forçando a ir pro mato e parar. Nessas ocasiões - raríssimas - eu ia pela contramão, somente até acabar a subida.
  • Capacete, campaínha, roupas e acessórios refletíveis, luz noturna traseira e dianteira, espelho retrovisor, óculos de proteção e equipamentos de manutenção: chaves de raio, boca, philips, allen, espátulas de pneu, extrator de pino de corrente entre outras devem obrigatoriamente compor sua bagagem – CTB, Art. 105;
    Só não tenho a campainha, o resto é realmente obrigatório, pela real segurança do ciclista, não porque 'a lei manda'...
  • Respeite os trechos nos quais o tráfego de bicicletas é proibido;
  • Sinalize suas intenções com o braço como manobra para direita, esquerda, parada e outras – CTB, Art. 244;
    Inclusive no tráfego urbano. 
  • Em estradas não devemos pedalar mais de 100Kms por dia devido ao ruído que gera fadiga auricular, cansaço mental e desorientação;
    Meu recorde foi de 105 kms em um dia, mas não senti esses efeitos danosos...
  • Não utilize equipamentos de som com fones de ouvido, pois escutar o trânsito é fundamental;
    Nunca o utilizo.
  • Escute o tráfego na rodovia, freadas, “pneus cantando“, motores em giro alto, reduzidas e buzinaço geralmente revelam nervosismo do motorista e antecedem acidentes, fique atento;
    Inclusive no trânsito urbano
  • Em retas entre as 14:00hs e 16:00hs ocorrem grande parte dos acidentes, fique atento;
    Não vi nenhum acidente em todo meu trajeto, acreditem
  • Saídas e entradas de rodovias são trechos com altíssimos índices de acidentes portanto cautela nessas regiões;
    Verdade, não quanto a acidentes, mas exige muita atenção mesmo.
  • Caso necessitar atravessar com a bicicleta uma rodovia, primeiro procure uma passarela, e, na ausencia da mesma, realize esta manobra empurrando a bicicleta, desmontado, ou em último caso – isso para os mais experientes – montado na bicicleta em marchas intermediarias 2:5;
  • Ao ultrapassar ou ser ultrapassado por veículos de grande porte, segure firmemente no guidão pois o deslocamento de ar provocado por esses veículos pode derrubá-lo;
    Carretas em subida, com velocidade são uma mão na roda: o deslocamento de ar nos empurra pra cima, já os em sentido contrário empurra pra trás
  • Ao ultrapassar veículos parados no acostamento redobre a atenção pois seus ocupantes podem abrir a porta abruptamente;
    Isso em cidades também...
  • Atenção ao entrar e sair de túneis pois a mudança de luminosidade, piso molhado – devido infiltrações – e correntes de vento podem causar acidentes, logo reduza a velocidade;
    Não passei por nenhum, mas vou me lembrar da dica
  • Nas frenagens, acione simultaneamente os dois freios com os dedos médio e/ou anular de modo que o guidão não fique solto na palma da mão;
  • Pedale em fila indiana sempre, em pares nunca;
    Estou sozinho... nas 2 ocasiões que encontrei companhia por um trecho (Araraquara e São Miguel Arcanjo), íamos em fila indiana
  • Em curvas à direita, trafegue ao máximo pelo bordo extremo direito da pista pois os veículos "comem faixa" ao realizar essa manobra;
    Verdade verdadeira...
  • Ao realizar alguma manobra não confie somente no espelho retrovisor dê uma olhada por cima dos ombros;
    Lembrem do Jurassic Park: os objetos estão mais próximos na realidade do que parecem no retrovisor.
  • Sobre pontes a pista costuma estreitar, trafegue nesses pontos quando o fluxo de veículos der uma "brecha";
    Muito importante essa regra
  • Em estradas alguns atrativos costumam nos desviar a atenção, portanto concentre-se ou caso sentir necessidade de observá-los, pare a bicicleta;
  • Não trafegue nas faixas de rolamento da rodovia;
    Tem horas que não tem jeito, graças a inexistência de acostamento
  • Jamais pegar rabeira ou vácuo;
    Jamais.
  • No acostamento existem muitas manchas de óleo e detritos diversos, fique atento;
    Nas regiões de cana-de-açúcar os acostamentos são cheios de pedaços de cana que caem dos caminhões; o melhor é desviar deles, pois se pegar um lateralmente, é tombo na certa - reduza a velocidade.
  • Evite trafegar em dias festivos, final de semana prolongado, a noite, com chuva ou neblina pois a empolgação e a visibilidade estão em jogo;
    Verdade
  • Algumas rodovias possuem ponto de parada de ônibus; jamais ultrapasse-os pela direita quando os mesmos estiverem parados;
    Não passei por nenhum ônibus parado
  • Os trechos das estradas nas regiões metropolitanas são locais com altos índices de assaltos, evite-os;
  • Fique atento a movimentação suspeita de pedestres próximo as pontes, passarelas, túneis e aclives;
    Por isso evito ao máximo passar por cidades grandes.
Dicas que li aqui: Ciclo Fepat.


terça-feira, 5 de novembro de 2013

Enquanto a estrada não vem...

Estou parado praticamente desde o dia 17 de outubro, quando cheguei a Ilha Comprida. Fiquei lá até dia 26, aí peguei um ônibus e vim para Santos. Um dos motivos é o pouco dinheiro, que só agora aprendi uma técnica para esticá-lo até a próxima remessa de parte dos patrocinadores: quando encontro um local barato para dormir (de graça só tive uma noite, lá em São Manuel), fico vários dias. Assim, além de economizar com a pousada, gasto menos também com alimentação, pois como apenas o suficiente para não desmaiar - exagero. Nessa hora me sinto feliz em ser brasileiro e me beneficiar de nossa característica de sempre dar um jeitinho...

Monumento ao Ciclista Trabalhador (ah, esses políticos...) Fica em São Vicente.
Aproveitei os dias aqui para visitar parentes em Sampa. Claro que não fui de bike! Infelizmente nesses 2 dias que lá fiquei ocorreram pequenos fatos desagradáveis: primeiro, ganhei uma crise de lombalgia, que me obrigou a repousar todo o tempo. Segundo, estava com intenção de visitar o Antigão, ciclista sexagenário como eu (meu Deus, eu sou isso!!!), que mora ali pelos lados do Carrão, perto da Penha, onde mora um primo a quem visitei. Por consequência dessa lombalgia não pude ir lá conhecê-lo, fica para uma próxima vez.

Para não desperdiçar totalmente o tempo, fiz uma revisão completa na bike, conheci o centro histórico de Santos, fui ao Guarujá, onde comprei o novo velocímetro (ciclocomputador, se preferirem. Mas eu acho esse nome pomposo demais) e me informei sobre as estradas dali até Caraguatatuba, caminho que pretendo fazer para ir ao Vale do Paraíba - onde fica Aparecida, para os não iniciados. Porém... temo esforçar demais pedalando para subir a Serra do Mar, em torno de 1.800 metros, e sofrer uma recaída da lombalgia, o que então me faz pensar em colocar a Áquila num ônibus e voltar a pedalar somente quando estiver em terreno mais plano. As próximas 48 horas me darão a certeza da rota mais adequada.
Na balsa para Guarujá
O novo velocímetro, que comprei na Guaru Bike Shop.
Enquanto não pedalo, penso. Penso muito, como sabem os mais próximos. E, avaliando a viagem até aqui, declaro publicamente que estou muuuuuuuuuuiiiiiiito satisfeito em ter me lançado nesta aventura. Já faço planos para após concluir esses 2.000 kms, me preparar para um outro roteiro, mais direcionado e, desta vez, bem melhor planejado. Mas essa é outra história, vamos ficando nesta que ainda está em sua metade.

Aproveito esse tópico vazio para pedir aos amigos leitores: se você tem um amigo, parente, ou apenas conhece algum empresário que simpatize com o ciclismo e se disponha a me ampliar o patrocínio, fale com ele e me ponha em contato. Tenho tentado junto a grandes empresas, mas quase sempre a resposta é que só patrocinam equipes ou que já estão com a grade de patrocínios fechada para este ano, talvez no próximo... Como dá para perceber, o dinheiro - ou a falta dele em quantidade tranquilizadora - é a única preocupação que tenho na viagem. Felizmente tudo tem transcorrido na maior paz imaginável, com segurança, satisfação com a criação de novas amizades, e desfrutar dos lugares já conhecidos com mais calma, em câmera-lenta, pois que a bicicleta oferece esse adicional.

Com todo esse tempo que estou tendo para pensar, percebi que está na hora de redirecionar ou reestruturar o projeto. E é o que estou fazendo agora: um dos primeiros pontos será a criação de um site próprio, em moldes mais profissionais, com conteúdo mais abrangente. Para isso uma nova abordagem também irei adotar no sentido de angariar recursos para a continuação da viagem.